O contato com o branco, desde o
início da colonização, sempre foi prejudicial ao índio e à cultura indígena em
geral, pois funciona como elemento destribalizador, provocando perda das terras
e dos valores culturais. Com o tempo, perdeu-se a imensa diversidade cultural
que as tribos representavam sem que chegassem a ser estudadas.
Por outro lado, adaptados ao seu
meio ambiente, não possuindo defesas contra as doenças da civilização, muitos
sucumbiram pelas gripes, sarampo, sífilis e outras doenças. Assim, dos milhões
que aqui habitavam na época do descobrimento do Brasil, somam hoje 350 mil.
Foram 500 anos onde houve
escravidão, catequização, miscigenação e dizimação. Qualquer coisa que se diga
sobre os índios do Brasil será pouco. A dívida do branco civilizado para com o
indígena é alta e pesada demais.
Mas um fator é positivo e devemos
nos orgulhar dele. Um estudo recente do geneticista brasileiro Sérgio Danilo
Pena mostrou que 70% dos brasileiros que se dizem brancos têm índios ou negros
entre seus antepassados. Ou seja, a maioria de nós tem sangue mestiço.
Se não justifica, pelo menos o
peso de nossa consciência se torna mais leve, pois somos um povo que trás no
sangue a herança das minorias ou indígena ou negra.
Religião e Crenças
As crenças religiosas e
superstições tinham um importante papel dentro da cultura indígena.
Fetichistas, os indígenas temiam ao mesmo tempo um bom Deus – Tupã – e um
espírito maligno, tenebroso, vingativo – Anhangá, ao sul e Jurupari, ao norte.
Algumas tribos pareciam evoluir para a astrolatria, embora não possuíssem
templos, e adoravam o Sol (Guaraci – mãe dos viventes) e a Lua (Jaci – nossa
mãe).
O culto dos mortos era
rudimentar. Algumas tribos incineravam seus mortos, outras os devoravam, e a
maioria, como não houvesse cemitérios, encerrava seus cadáveres na posição de
fetos, em grandes potes de barro (igaçabas), encontrados suspensos tanto nos
tetos de cabanas abandonadas como no interior de sambaquis. Os mortos eram
pranteados obedecendo-se a uma hierarquia. O comum dos mortais era chorado
apenas por sua família; o guerreiro, conforme sua fama, poderia ser chorado
pela taba ou pela tribo. No caso de um guerreiro notável, seria pranteado por
todo o grupo.
Costumes, Produção, Artes e Habilidade
Nossos índios foram dizimados.
Vitimados por doenças trazidas pela civilização, ou simplesmente incorporados à
nossa cultura. No entanto, a própria preservação de nossas matas e florestas
dependem dele, pois ninguém melhor do que o índio sabe viver em harmonia com a
natureza tirando dela o melhor proveito sem com ela sucumbir. As sociedades
indígenas são diferenciadas entre si; línguas distintas, traços de caráter,
mitos. Essas diferenças não podem ser explicadas apenas em decorrência de fatores
ecológicos ou razões econômicas. Podemos estimar a ex Os grupos indígenas do
Brasil foram classificados em 11 áreas culturais: Norte-Amazônica; Juruá-Purus;
Guaporé; Tapajós-Madeira; Alto-Xingu; Tocantins-Xingu; Pindaré-Gurupi; Paraná;
Paraguai; Nordeste e Tietê-Uruguai.

Como sabemos os indígenas tem
costumes bem diferentes dos costumes de nos urbanos, um deles é morar em ocas
ou malocas, que medem mais ou menos 20 metros de comprimento por 10 metros de
largura e 6 metros de altura. Fazem uma espécie de parede dupla com um espaço
entre ambas o que permite uma ventilação adequada, tornando o ambiente, no seu
interior bastante agradável, seja no frio ou no calor. Uma aldeia é composta de
várias malocas, onde habitam várias famílias. Cada maloca possui um chefe
daquele grupo, que quando reunidos formam uma espécie de “colegiado”.
Obs.: Esta descrição descreve um
tipo de aldeia e maloca, mas de acordo com o grupo indígena e região onde
habitem existem outras variedades de malocas. Os índios sabem muito bem onde e
como construir suas aldeias, e para cada necessidade adaptam sua construção com
muita habilidade e funcionalidade.
Um outro costume que os índios
tem de diferente de nós, é o modo de viver deles: eles da caça, da pesca e
coleta de vegetais silvestres, obedecendo aos ciclos de atividades de
subsistêndica da Floresta Tropical, chuvas, enchentes, estiagem e seca.
Reunem-se em grupos que podem ser: de casais, consanguíneos (parentesco),
intercasamento e relações de servidão. Na maioria dos grupos o casamento pode
ser dissolvido. Preservam a infância da mulher que só pode se tornar esposa
após a primeira menstruação (acompanhada de ritual especial, de acordo com a
tribo). Não existem padrões morais de virgindade ou adultério, tudo se resolve
com conversas entre parentes próximos e com acordos entre as famílias. Temos
tribos matriarcais, patriarcais, monogamia (um só esposo ou esposa – com uniões
que podem ser dissolvidas) e poligamia (um esposo com várias esposas, ou uma
esposa com vários maridos).
Eles também costumam construir
seus próprios acessórios, como suas armas, fabricam arcos perfeitos,
instrumentos cortantes feitos com bicos de aves, enfeites plumarios, eles
costumam usar diversos tipos de cocares, braceletes, cintos, brincos, pilão que
é muito utilizado na maioria das tribos, a maneira de socar varia, algumas
índias socam de pé, outras de joelho.
Hábeis artesãos, os índios
produzem diversos tipos de artefatos para atender suas necessidades cotidianas
e rituais, que assumem, hoje, o importante papel de gerador de recursos
financeiros, beneficiando as Comunidades com uma renda complementar. Assim
surgem fantásticos trançados que tomam a forma de cestos, bolsas e esteiras,
moldam a cerâmica que dá origem a panelas e esculturas, entalham a madeira da
qual nascem armas, instrumentos musicais, máscaras e esculturas, além das
plumárias e adornos de materiais diversos como cocos, sementes, unhas, ossos,
conchas que, com habilidade e tecnologia, são transformados em verdadeiras
obras de arte.
A produção de variados objetos da
cultura indígena, como material, ferramentas, instrumentos, utensílios e
ornamentos, com os quais um grupo humano busca facilitar sua sobrevivência,
está ligada à escolha e utilização das matérias-primas disponíveis; ao
desenvolvimento da técnica adequada de manufatura; às atividades envolvidas na
exploração do ambiente e na adaptação ecológica; à utilidade e finalidade
prática dos objetos e instrumentos produzidos.
Pintura
Os índios pintam seu corpo, sua
cerâmica e seus tecidos com um estilo que podemos chamar “abstrato”. Observam a
natureza mas não a desenham, mas ao contrário do que se pensa, não devemos
chamá-la de primitiva. Partem do elemento natural para torná-lo geométrico.
Usam diversos tipos de cocares,
braceletes, cintos, brincos. Geralmente não matam as aves para comer, usam
apenas suas penas coloridas, que guardam enroladas em esteiras para conservar
melhor, ou em caixas bem fechadas com cera e algodão.
A Arte Plumária é exuberante e
praticamente restrita aos homens. Nas tribos, onde as mulheres usam penas, são
discretas, colocadas nos tornozelos e pulsos, geralmente em cerimônias
especiais.
Tecidos
Alguns índios, como os Vaurá,
plantam algodão e fazem vários enfeites, como os usados em seus pentes. Usam
uma tinta preta extraída do suco de jenipapo.
As vestimentas usadas pelos
índios estão relacionadas às necessidades climáticas, à observação da natureza
e aos seus ritos e festas. Esta é a razão de usarem quase nada para se
cobrirem, uma vez que vivemos em país tropical. A sua vestimenta não está
associada à aspectos morais. Algumas tribos como a dos índios tucuna
(praticamente extintos) na região do Acre, recebiam correntes frias dos Andes e
usavam o “cushmã” uma especie de bata (as índias eram ótimas tecelãs).
Em algumas tribos como a dos
VAI-VAI (transamazônica) as mulheres tecem e usam uma tanga de miçangas.
Canoas
O indígena usa o leito dos rios
ou o mar para transportar com rapidez, navegando em canoas ou em jangadas. As
canoas maiores são construídas de troncos de árvores rijas e chamam-se igaras,
igaratés ou igaraçus. As canoas ligeiras –ubás – eram feitas de grossas cascas
vegetais, e movidas a remo de palheta redonda ou oval ou ainda a vela. As
jangadas, pequenas e velozes, constituíam-se de vários paus amarrados uns aos
outros por fibras vegetais.
Madeira talhada: Fazem remos,
bancos de madeira, máscaras de madeira pintada com dentes de piranha.
Cestaria
As sociedades indígenas no Brasil
são detentoras das mais variadas técnicas de confecção de trançados,
utilizando-se delas para a confecção de cestos, que estão entre os objetos mais
usados, pois estão associados a vários fins.
A cestaria produzida e utilizada
por uma determinada sociedade indígena está associada à sua cultura, principal
característica humana.
A cestaria diz respeito ao
conhecimento tecnológico, à adaptação ecológica e à cosmologia, forma de
concepção do mundo daquelas sociedades. O conjunto de objetos incorporados à
vivência de uma determinada sociedade indígena expressa concretamente
significados e concepções daquela sociedade, bem como a representa e a
identifica. Enquanto arte, em cada peça produzida existe também uma preocupação
estética, identificando o artesão que a produziu e aquela sociedade da qual ela
é cultura material.
Para uso e conforto doméstico,
podem-se citar os cestos-coadores, que se destinam a filtrar líquidos; os
cestos-tamises, que se destinam a peneirar a farinha e os cestos-recipientes,
que se destinam a receber um conteúdo sólido ou armazená-lo, sendo também
utilizados para a caça e a pesca, para o processamento da mandioca, para o
transporte e para a guarda de objetos rituais, mágicos e lúdicos.
Cestaria indígena
Os cestos cargueiros, como diz o
nome, destinados ao transporte de cargas, apresentam uma alça para pendurar na
testa e têm o formato paneiriforme, com base retangular e borda redonda, sendo
conhecido pelo nome de aturá. Também são muito utilizados os cestos- cargueiros
de três lados, jamaxim, que dispõem de duas alças para carregar às costas, tipo
mochila. Em geral, esse cesto suporta até dez quilos de mandioca.
Cerâmica
No contato manual com a terra, o
homem descobriu o barro como forma de expressão. A confecção de cerâmica é
muito antiga e surgiu ainda no período Neolítico, espalhando-se, aos poucos, pelas
diversas regiões da Terra.
Tradicionalmente, a produção da
cerâmica, entre os povos indígenas que vivem no Brasil, é totalmente manual.
A argila (composto de sílica,
alúmen e água) é a matéria-prima básica empregada na confecção da cerâmica. A
técnica mais usual para produzir os vasilhames é a da união sucessiva de
roletes (feitos manualmente), utilizando-se instrumentos rústicos, bem
variados, para auxiliar na confecção das peças, como cacos quebrados de potes
antigos para ajudar a alisar os roletes, pincéis feitos com penas de aves ou
com raízes para pintar a superfície, etc.. O tratamento dado à superfície das
peças varia muito de povo para povo e de acordo com o uso que será dado a cada
objeto. A superfície pode apresentar-se tosca, alisada, polida, decorada (com
pinturas ou de outras maneiras) e até mesmo revestida por uma outra camada de
argila especialmente preparada para este fim, a que se dá o nome de engobo.
Finalmente, a louça de barro, como é comumente conhecida, pode ser queimada ao
ar livre (exposta ao oxigênio), ficando com uma coloração alaranjada ou
avermelhada, ou pode ser queimada em fornos de barro, fechados, que não
permitem o contato com o oxigênio, o que deixa uma coloração acinzentada ou
negra.
Desta forma são produzidos
objetos utilitários (como potes, panelas, alguidares, etc.), objetos votivos ou
rituais, instrumentos musicais, cachimbos, objetos de adorno e outros.
Entre as sociedades indígenas
brasileiras, a cerâmica é, geralmente, confeccionada pelas mulheres. Todas
aprendem a fazê-la mas, como em qualquer outra atividade, há aquelas com mais
habilidade e/ou criatividade. Atualmente, algumas já se utilizam de tintas e
instrumentos industrializados para produzir sua cerâmica. Nem todos os povos
indígenas produzem cerâmica e alguns, que tradicionalmente produziam, deixaram de
fazê-lo, após o contato com não índios e com o passar do tempo. Entre alguns
povos ceramistas, os objetos produzidos são simples. Entre outros, são muito
elaborados e valorizados pelos membros da sociedade.
Música
São amantes da música, que
praticam em festas de plantação e de colheita, nos ritos da puberdade e nas
cerimônias de guerra e religiosas. Os instrumentos musicais são: toró (flauta
de taquara), boré (flauta de osso), o mimbi (buzina) e o uaí (tambor de pele e
de madeira).
Podemos comparar o homem indígena
com o homem pré-histórico, pelo fato de eles terem sua própria maneira de
viver, de construir seu próprio mundo, assim como o homem pré-histórico o índio
constrói seus próprios adereços e etc.
Eles também não tem obrigação de
se casar, podem ter varias mulheres ao mesmo tempo (em algumas aldeias), criam
suas próprias tintas para fazer suas pinturas tanto no corpo como em suas
roupas, fazem suas próprias roupas, panelas, armas e etc.
Curiosidades sobre o índio: Hábitos “Estranhos”:
Os homens usavam o cabelo curto
na testa e longo na nuca, nas orelhas e nas fontes. As mulheres o deixavam
crescer até a cintura e o prendiam quando trabalhavam. Homens e mulheres
tatuavam o corpo, que pintavam (com jenipapo e urucum) e untavam (com óleos).
Furar o lábio inferior para colocar objetos de pedra, osso ou madeira era um
símbolo de masculinidade. Os homens usavam colares de búzios, de ossos de
animais e dentes de inimigos e enfeitavam-se com penas de aves. As mulheres
usavam enfeites no pescoço, nos braços e nas orelhas. Homens e mulheres
raspavam os pêlos do corpo – barba, sobrancelha, pêlos pubianos, etc..
A tranqüilidade relativa com que
os brasis aceitavam a homossexualidade masculina e feminina escandalizou os
lusitanos. Para os europeus, era também motivo de espanto que os tupinambás
assumissem tendencialmente papéis sociais segundo suas inclinações sexuais
profundas. Algumas mulheres tupinambás comportavam-se como aldeões e eram
tratadas como tal. Vivam com suas esposas nas residências coletivas,
participavam das discussões masculinas, iam à guerra, etc..
Yanomamis
Como exemplo de cultura indígena,
convém ressaltar a dos Yanomami, considerados um dos grupos indígenas mais
primitivos da América do Sul.
Os Yanomami têm como território
tradicional extensa área da floresta tropical no Brasil e na Venezuela. Possuem
uma população em torno de 25.000 índios. No Brasil existem cerca de 10.000
Yanomami situados nos Estados do Amazonas e de Roraima. Falam a língua Yanomami
e mantêm ainda vivos os seus usos, costumes e tradições.
Vivem em grandes casas comunais.
A maloca consiste numa moradia redonda, com topo cônico, com uma praça aberta
ao centro. Várias famílias vivem sob o teto circular comum, sem paredes dividindo
os espaços ocupados. O número de moradores varia entre trinta e cem pessoas.
Maloca
Desde a década de 70, com a
construção da estrada Perimetral Norte cortando seu território, a operação de
mineradores e, hoje, a presença de milhares de garimpeiros têm resultado na
destruição da floresta e trazido muitas doenças para os Yanomami, cuja
população está sob séria ameaça de desaparecimento.
Por: Maissa Ferreira Alves
Fonte: www.coladaweb.com